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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Preparativos para TDP

Retornamos de Chaltén às 18 e chegamos em Calafate às 21:00. Toda mudança de uma cidade para outra é um pouco custosa e desta vez não foi diferente, o restinho da noite que nos restou foi para arrumar as malas para no dia seguinte pegar um ônibus às 08:00 para Puerto Natales. Feito isso, junto com um bom banho e uma boa refeição fomos nos deitar pra lá das 00:00 para descansar um pouco para a viagem de 6 horas de duração de logo mais.

Essas viagens entre um país e outro são bem mais desgastantes, já que como já havia informado, é obrigatório parar nas Aduanas de cada país, tendo que sair do ônibus e passar um tempinho na fila a fim de ter o aval para deixar e/ou entrar no país. Às 14:00 estávamos em Puerto Natales, cidade base de todos os mochileiros que pretendem se aventurar pelo Parque Nacional de Torres del Paine.

Chegando em Puerto Natales nos dirigimos para o albergue Yagan House. O lugar não é de todo mal, mas acredito que foi o que menos nos agradou durante toda a viagem. Motivo? Nada crítico, mas na soma de fatores, ele não agrada em nada. Há um albergue próximo ao Yagan House chamado Don Guillermo, um pouco mais caro, mas muuuuito melhor mesmo, adoramos o lugar, super tranquilo, limpo, e novo, nota 10.

A verdade é que partiríamos para Torres na manhã seguinte e tinha muita coisa para ser feita em pouco tempo, precisávamos comprar mantimentos para 4 dias de trilha (planejávamos fazer o circuito W) e alugar alguns equipamentos como barraca, sacos de dormir, isolante térmico, fogareiro, gás, mochilas de 35L e bastões de caminhada. No Yagan conseguimos alugar a maioria das coisas e o restante conseguimos em  outro albergue próximo. Fizemos tudo isso enfrentando uma baita chuva que resolveu cair e que nos criou uma enorme preocupação em relação ao tempo no dia seguinte lá em Torres. No meio tempo, encontramos um mercado e compramos uma porrada de alimentos que achamos adequados para esse tipo de expedição, pois deveriam sustentar, não estragar e serem fáceis de carregar.

Após resolver todas as pendências, ainda tivemos que preparar o mochilão com tudo que levaríamos, o difícil foi deixá-lo não tão pesado, já que haviam nele roupas, comida, barraca e saco de dormir. Creio que depois de arrumada a mochila deveria estar pesando uns 15 kg. Depois de todo esse esforço ainda havia algo que nos atormentava, será que em Torres faria um tempo ruim como o que estava naquele momento em Puerto Natales? Como seria acampar e realizar 22km de trilha só no primeiro dia naquelas condições? Conseguiríamos? Decidimos que pela manhã decidiríamos se partiríamos ou não, mas deixamos o ônibus reservado de qualquer forma.

Eis que acordamos bem cedo e nos deparamos com um dia cinzento e escuro e que chovia da mesma forma que na noite anterior...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

El Chaltén - Sendero al Fitz Roy

O Big Ice me deixou bastante avariado, além das dores nas pernas (que até eram aceitáveis), havia o meu calcanhar que foi levemente "esfolado" pelos grampões. Desta forma, tivemos que ficar mais um dia em Calafate. No outro dia, já melhor, pegamos o ônibus que parte para Chaltén às 08:00 e tentaríamos fazer alguma trilha por lá, já que para não desfigurarmos o roteiro, não poderíamos nos estender mais, já que no outro dia deveríamos estar em Puerto Natales.

Chegamos a Chaltén às 11:00. Mas antes mesmo de adentrar a cidade, você já se maravilha com a beleza local, há uma enorme quantidade de montanhas cobertas por gelo das mais belas que se possa imaginar, é impossível não se apaixonar pelo lugar. De cara, já criamos uma enorme expectativa para a trilha que faríamos. Primeiramente o ônibus parou em frente ao centro turístico local e lá tivemos uma pequena palestra a respeito das trilhas e do parque nacional. Vale a pena prestar atenção, pois as dicas são boas. Visto isso, voltamos ao ônibus e este nos deixou na rodoviária. Todos nós descemos e partimos direto para a entrada da trilha rumo ao Fitz Roy. O vilareijo de Chaltén é muito agradável, vivem apenas 600 pessoas permanentes por lá, mas no verão esse número cresce muito. Apesar de muito pequeno, pude notar a presença de bares e restaurantes aparentemente interessantes. Paramos na volta em um deles e foi uma ótima escolha.

Ainda no ônibus a caminho de Chaltén

Ainda no ônibus a caminho de Chaltén

Fitz Roy visto da cidade.

Uma das montanhas em volta.

Início do vilarejo.

Um pouco do vilarejo.

Um pouco do vilarejo.

Um pouco do vilarejo.

Um pouco do vilarejo.



Ao iniciarmos a trilha ao Fitz Roy sabíamos que teríamos que apertar o passo, já que teríamos que pegar o ônibus de volta às 18:00. Não sabíamos se iríamos até o fim, mas de qualquer forma rumaríamos em direção a Laguna Capri e lá decidiríamos se prosseguiríamos ou não. Logo no início da trilha, após subir bastante a montanha, nos deparamos com uma bela vista do vale que deixamos lá para baixo, o vento batia com brutalidade, foi talvez a primeira vez que pudemos constatar a veracidade acerca das rajadas de vento da Patagônia.

Início da trilha.

Vista para o vale.

O vento patagônico.



A trilha foi seguindo, sempre costeando o precipício a nossa direita. Passamos por um bosque e logo depois chegamos ao primeiro mirador do Fitz Roy. O mirador é fantástico, o vento lá também era muito violento, mas o dia não era dos mais belos, infelizmente as nuvens não nos abandonaram e não pudemos ver o Fitz Roy com toda a sua imponência. Lamentamos demais, pois nos deslumbramos apenas com o pouco que vimos, imaginamos o qual fantástico seria vê-lo por inteiro. Assim seguimos até a laguna Capri. Após um pouco mais de trilha, encontramo-nos com a lagoa. O local é muito belo, a lagoa é cercada pela floresta e pelas montanhas locais, também é possível de lá ter a visão do Fitz Roy, pena que as nuvens não davam trégua. Ficamos um tempo lá curtindo o local, sentimo-nos como se fossemos os últimos habitantes da terra, que experiência! O Lugar parecia nunca visitado pelo homem.


Segue a trilha.

Bosque


Primeiro mirador

Vista do primeiro mirador. Fitz Roy encoberto.

Montanha com glaciar.




Laguna Capri.

Laguna Capri.

Fitz Roy à esquerda poderia ser visto da lagoa.

O tempo era curto, seria arriscado demais prosseguir até o final da trilha. Sabíamos que nada mais encontraríamos, pois por mais perto que chegássemos ao Fitz Roy, não veríamos muita coisa nova já que as nuvens estariam lá o encobrindo. Decidimos voltar e com o tempo que restasse visitar o rio que vimos lá de cima no vale. Após retornar, nos dirigimos até o rio e lá ficamos por uns 20 minutos e depois seguimos em direção da rodoviária, mas antes encontramos um pub que me chamou muito a atenção: La Cervecería! Não poderia deixar de visitá-lo. Para minha grata surpresa, existia ali um chopp artesanal da casa, não vacilei e mandei ver logo o meu. O mesmo foi servido numa bela caneca de vidro e chamou a atenção pela bela e volumosa espuma. Tinha coloração amarelo turvo, lembrando cerveja weizen, sabor azedinho no final, refrescante, lembrando até uma witbier, só que sem a laranja. Gostei e pedi mais outro.

Pedra Gorila.

O rio da volta.


La Cervecería.

Um brinde!

Ótimas empanadas de carne.

Ahhhhhhh. Merecíamos!

Retornamos a Calafate com o sentimento de que teríamos de voltar a Chalén alguma outra vez para não só visitar o Fitz Roy em um dia ensolarado, mas também realizar várias outra trilhas que lá existem. Algum dia voltaremos e passaremos um bom tempo por lá, pois realmente é o que todos dizem, Chaltén é o paraíso e capital mundial do trekking!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Glaciar Perito Moreno - Big Ice

El Perito Moreno

A razão pela qual decidimos que visitaríamos El Calafate, foi pelo simples fato de que era a cidade base para a visita ao Glaciar Perito Moreno. É por esse motivo que a grande maioria dos turistas acaba conhecendo a cidade. Tudo lá gira em torno do Parque Nacional dos Glaciares, já que é possível conhecer não somente o Perito, mas também outros interessantes glaciares.

Já havíamos nos informado antes mesmo de sair do Brasil os principais passeios a serem realizados lá no Parque Nacional dos Glaciares, e de tudo que vimos, o que mais nos encantou foi a possibilidade de poder andar sobre o Glaciar. Assim, fomos até uma agência no centro de Calafate chamada Hielo y Aventura (Creio que seja a maior e melhor). Lá procuramos nos informar das diferenças entre a caminhada no gelo na categoria "Mini Trekking" e na categoria "Big Ice".

Basicamente existe apenas uma grande diferença: a distância e duração do trekking. No Mini trekking o tempo de duração de caminhada no gelo é em média de 1,5 horas, já no Big Ice a duração é em média de 4 horas. Outra diferença que distanciam ainda mais as duas modalidades, é que existe uma trilha pela floresta que flanqueia o Glaciar que deve ser percorrida a fim de alcançá-lo, assim o ponto de início do Big Ice é bem mais distante, tornando a trilha até o Glaciar também mais longa no caso do Big Ice. Com receio de que o mini trekking fosse uma experiência muito curta, decidimos pelo Big Ice. Até hoje tenho dúvidas se fizemos uma boa escolha, pois o esforço foi algo quase sobrenatural para nós.

Mini Trekking: 500 pesos
Big ICE: 720 pesos

No outro dia bem cedo partimos em um ônibus da empresa junto com uma porrada de gente rumo ao Parque Nacional dos Glaciares que fica a 85 km de El Calafate. Durante a viagem a guia nos contava a respeito do parque e principalmente do Perito ao passo que íamos nos aproximando. Tivemos que pagar a taxa de entrada do Parque, que custa 100 pesos para turistas, mas para residentes do MERCOSUL ficou de 70, melhor que nada! A certeza do bom investimento feito veio logo na primeira visão do Perito Moreno ainda de dentro do ônibus, visto pela janela. É algo de outro mundo, é esplendoroso, ficamos todos bestificados.

Visão do lago de dentro do ônibus. O céu é um espetáculo a parte.

Após desembarcarmos, a guia nos levou até o início de uma imensa plataforma e nos deu cerca de 50 minutos para que pudéssemos percorrê-la até a parte mais próxima do Perito e poder tirar umas boas fotos da face norte do colossal glaciar. Mas o mais fascinante, além é claro da estupenda visão, foi poder ouvir os estrondos que mais pareciam furiosos trovões dos imensos blocos de gelo que a todo momento se desprendiam do glaciar. No verão o derretimento ocorre bem rapidamente, mas no inverno, tudo que se perdeu é reposto na mesma proporção, mantendo sempre o mesmo tamanho. É possível somente visitá-lo sem necessariamente realizar qualquer trekking, fica bem mais em conta é bem verdade, mas vê-lo sem poder tocá-lo, sabendo que é possível fazê-lo, deve ser um pouco frustrante.


Blocos que desprenderam há um bom tempo ficam mais escuros.

Ao fundo, é onde o Perito começa a se formar



O Perito chega a ter 5 km de largura

Imenso

Quando todos nos reunimos novamente no ponto de encontro da plataforma, voltamos ao ônibus e rumamos até o lago em que os glaciares residem. Assim tomamos um catamarã até o acampamento base do outro lado do lago que dá acesso à trilha até o Perito Moreno.

Chegando ao acampamento, recebemos algumas instruções, pegamos os equipamentos necessários e partimos para uma trilha que durou cerca de 1 hora até o trecho onde o Glaciar se unia com a floresta. Já no Glaciar, os guias colocaram os grampões nas nossas botas a fim de facilitar o caminhar sobre o gelo. Algumas dicas nos foram dadas, mas confesso que não é fácil caminhar sobre o glaciar com aqueles grampões, o esforço de caminhada é 3 vezes maior do que comparada a uma convencional e a força infligida nos joelhos chega a ser brutal em alguns momentos.

Visão da trilha de acesso. Ao fundo o glaciar adentrando nas montanhas.

O pessoal alí estava fazendo o mini trekking. Como eu disse, começa antes.

Bela cachoeira no meio da trilha.

Bem próximo agora.



Depois de cerca de 1 hora sobre o gelo, me acostumei com os grampões e com a superfície (dentro do possível). A partir daí pude apreciar mais o trekking e curtir as belas paisagens que nos eram oferecidas. Belas montanhas cheias de neve em torno, pequenos córregos e lagoas de água azulada, cavernas de gelo e cascatas, tudo isso sobre o glaciar.


Botas com os grampões.

Um dos vários córregos bons para se beber uma água.

Foi necessário atravessar por essa caverna.

Ao fundo pode-se ver a saída.

Com cerca de 2 horas de caminhada, paramos para um lanche em frente uma lagoa. Quem quisesse descansar teria de apoiar a mochila no gelo e sentar em cima, a mochila saia encharcada. Depois daí foi bem difícil caminhar, o caminho era complicado, os guias muitas vezes tinham de usar a picareta para deixar a superfície um pouco mais plana a fim de possibilitar a passagem de todos nós. Muitas vezes tínhamos quase que escalar certos trechos, de tão irregular que se tornava a superfície, mas todos conseguiram e ninguém sofreu qualquer acidente. Após 3 horas e 40 minutos no gelo, realizamos todo o caminho de volta pela floresta até o acampamento, foi sofrível caminhar por mais 1 hora depois de tudo pelo que passamos!

Parada para o lanche.

Parada para o lanche.



Travessia complicada.



Senti-me um vencedor por aguentar um trekking tão longo e pesado como aquele. Não sei se faria novamente, pois aquilo acaba com o corpo de uma pessoa não acostumada com trekkings pesados. Os grampões colocados em minha bota estavam muito apertados e com as passadas irregulares durante todo o trajeto, acabaram por machucar meu calcanhar direito, rasgando a pele em duas áreas, impossibilitando o uso de tênis ou bota no dia posterior. Na volta no catamarã é servido um Whiskey com gelo do Perito, uma experiência legal.

Retornando...

Parceria que deu certo!

Whiskey in the jar-o

Dica: Levem garrafas térmicas e encham com a água dos córregos do Glaciar, é a melhor e mais pura água do mundo!